Nesses dias em que a beleza está esparramada sobre a mesa, sinto um certo incômodo por ter acostumado meus olhos com o belo menos óbvio, não me acostumo com essa beleza que de tão evidente se fez pálida e monótona. Em cada esquina as curvas das modelos das passarelas se confundem com as silhuetas bem delineadas das exuberantes manequins de academia, tão vazias de si, mas tão cheias de uma imponente certeza de serem belas!
Nesses dias em que o bonito é ser igual, um desconforto me toma de ver as noites e suas rainhas de uma cara só, de uma roupa só, de um comportamento só, de uma elegância só. Me sinto só. Ora, mas o que posso fazer se Deus não me fez rainha, nem modelo ou manequim? Infelicidade minha não ser assim igual, infortúnio meu essa estranha mania de ser só minha, de gostar das minhas coisas tais como elas são, de facilitar a minha vida com modas mais descomplicadas, com gostos menos volúveis.
Eu não tive a sorte de aceitar a moda assim como ela é imposta, tenho essa empáfia de não sair engolindo tudo o que me empurram goela abaixo. Sempre fui teimosa, minha mãe dizia isso antes de eu notar ... essa teima e essa postura quase orgulhosa me encheram de “qualquer coisa que ri, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade” ... “me encheram de qualquer coisa além da beleza.” Me sinto só, mas não me entristeço. A vida é assim. Já dizia a minha avó:
-Tem quem goste do olho!
Eu gosto mesmo é do olhar.
2009/08/07
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