2012/04/19
2012/02/19
Doce
Umas três da tarde, talvez mais. Não importa, importante mesmo é dizer que fiz um bolo que deixou a casa cheirosa, enquanto assava tomei um banho demorado e frio ao som de Morcheeba. Ritual lento. Um vestido bonito e o cabelo arrumado, um par de saltos pequenos e uma cobertura de chocolate com cerejas em calda. Doce.
O bolo ainda quente, o corpo ainda frio, umas três gotas de baunilha e um esguicho de perfume. A porta abriu, passos lentos:
- Estava terminando de colocar as cerejas, quer?
Abriu a boca em tom de afirmação, lambeu meus dedos e antes que eu oferecesse qualquer coisa aceitou o convite de botão a botão me colocar nua diante dos olhos.
A mesa. O chão. Um cigarro.
Eu não tirei os saltos porque combinavam com a roupa íntima, há de haver qualquer vaidade na nudez. De tanta língua e tato, de tanta pele e cor, Morcheeba convertido em I want you, Portishead, Nina Simone, Frank Sinatra, Maria Bethânia cheirando tesão.
Cama. Banho. Chão, todo o chão. Os dedos sujos de chocolate e uma cereja na boca, mais um cigarro.
Back in Black, Futuros Amantes, o esgotamento é a felicidade da mulher que espera todos os dias o seu homem chegar para dar de comer a todos os seus desejos.
O bolo ainda quente, o corpo ainda frio, umas três gotas de baunilha e um esguicho de perfume. A porta abriu, passos lentos:
- Estava terminando de colocar as cerejas, quer?
Abriu a boca em tom de afirmação, lambeu meus dedos e antes que eu oferecesse qualquer coisa aceitou o convite de botão a botão me colocar nua diante dos olhos.
A mesa. O chão. Um cigarro.
Eu não tirei os saltos porque combinavam com a roupa íntima, há de haver qualquer vaidade na nudez. De tanta língua e tato, de tanta pele e cor, Morcheeba convertido em I want you, Portishead, Nina Simone, Frank Sinatra, Maria Bethânia cheirando tesão.
Cama. Banho. Chão, todo o chão. Os dedos sujos de chocolate e uma cereja na boca, mais um cigarro.
Back in Black, Futuros Amantes, o esgotamento é a felicidade da mulher que espera todos os dias o seu homem chegar para dar de comer a todos os seus desejos.
2011/09/07
Dentro
Hoje ela acordou mais triste, mas sabia que aquela tristeza antevia dias mais claros, horas menos embaçadas. Hoje ela quase não pôde pedir ajuda, mas as que pediu serviram para que ela entendesse que todas as pessoas escolhem permanecer ou não e, por muito que nela isso amargasse a boca, alguns simplesmente não queriam ficar, ou não conseguiam. Das ajudas que não pediu há muito havia deixado que fossem embora e agora tudo se tornava mais nítido, à medida que via melhor a boca amargava mais, mas a dor a fazia enxergar tanta coisa.
Amar dói, até amar a nós mesmos machuca. Mas estava fazendo o que julgava ser o direito.
Naquele dia ela escolheu amar a si antes de amar o outro, antes de amar qualquer outro. Naquele dia ela foi mais triste para poder ser mais feliz.
Dias depois, ela nem soube quantos, cada coisa foi tomando e está tomando o seu lugar. Nesse mesmo dia cada pessoa escolheu estar exatamente onde deveria ter estado o tempo todo. Na parede da memória os lugares parecem mais seguros, mas são imóveis. Aqueles que escolheram estar no intocável acabaram ficando no álbum de fotografias velhas. Ela não olha mais as lembranças, ela não conta mais o tempo, ela ficou com quem escolheu ficar. Dentro.
Amar dói, até amar a nós mesmos machuca. Mas estava fazendo o que julgava ser o direito.
Naquele dia ela escolheu amar a si antes de amar o outro, antes de amar qualquer outro. Naquele dia ela foi mais triste para poder ser mais feliz.
Dias depois, ela nem soube quantos, cada coisa foi tomando e está tomando o seu lugar. Nesse mesmo dia cada pessoa escolheu estar exatamente onde deveria ter estado o tempo todo. Na parede da memória os lugares parecem mais seguros, mas são imóveis. Aqueles que escolheram estar no intocável acabaram ficando no álbum de fotografias velhas. Ela não olha mais as lembranças, ela não conta mais o tempo, ela ficou com quem escolheu ficar. Dentro.
2011/05/25
Das festas que podem por tudo a perder
Minha vida em uma dieta, 25 de maio de 2011.
A vida: esse intervalo entre uma dieta e outra.
Com o tempo a gente aprende (você certamente já recebeu milhares de e-mails com textos enormes cujas autorias eram associadas a diversos escritores importantes - vide Clarice Lispector e Willian Shakespeare em google.com - e já deve ter percebido que tais textos começavam sempre da mesma forma: "Com o tempo a gente aprende ...") Ó, gente, os parágrafos intermináveis que seguiam após o insistente começo, aqueles que vinham com uma chuva de letrinhas em uma apresentação de slides no quase falecido Ppt., vou contar: [SPOILER]isso não é Shakespeare, nem Clarice, nem Drummond, nem Caio Fernando Abreu (CAIO FERNANDO não MESMO e vocês já estão me irritando com essa fixação) pois bem, o texto sobre o qual eu falava, aquele que começa sempre com "Com o tempo a gente aprende..." é só um aglomerado de frases que você acha no pensador.com oi? [/SPOILER]
Revelações feitas, me dou o direito de retomar o meu texto do início, repetindo esse começo ~incrível~:
Com o tempo a gente aprende que fazer dieta e frequentar festas de aniversário não são orações que podem ser subordinadas, a menos que façamos restrições e que tais restrições não sejam de ordem gramatical. Saber onde colocar a vírgula não te ajudará a emagrecer.
Com o tempo a gente aprende que fazer dieta implica em uma enorme força de vontade e disciplina ou em se tornar um ser sem vida social.
Muito bem, essa falácia toda foi só para confessar que pequei, Padre. Quando (re)comecei esse projeto chamado #minhavidaemumadieta, havia me esquecido que no dia 25 comemoraríamos o aniversário de uma colega de trabalho com: festa regada a salgadinho, refrigerante e bolo. Ok, caí em tentação e que isso sirva de aviso a todos vocês que não estão segurando a minha mãozinha. Não desconsiderando essas lindas que não me abandonam nesse projeto (um beijo especial para Ita Andrade, Izabella Almeida, Catarine Tempest e Caroline Gotti), quero dizer que pequei e que ninguém afastou de mim esse cálice, Pa-hai. Espero trazer melhores notícias amanhã.
Sem mais para o momento.
Atenciosamente,
Gabriela M. Pinheiro.
A vida: esse intervalo entre uma dieta e outra.
Com o tempo a gente aprende (você certamente já recebeu milhares de e-mails com textos enormes cujas autorias eram associadas a diversos escritores importantes - vide Clarice Lispector e Willian Shakespeare em google.com - e já deve ter percebido que tais textos começavam sempre da mesma forma: "Com o tempo a gente aprende ...") Ó, gente, os parágrafos intermináveis que seguiam após o insistente começo, aqueles que vinham com uma chuva de letrinhas em uma apresentação de slides no quase falecido Ppt., vou contar: [SPOILER]isso não é Shakespeare, nem Clarice, nem Drummond, nem Caio Fernando Abreu (CAIO FERNANDO não MESMO e vocês já estão me irritando com essa fixação) pois bem, o texto sobre o qual eu falava, aquele que começa sempre com "Com o tempo a gente aprende..." é só um aglomerado de frases que você acha no pensador.com oi? [/SPOILER]
Revelações feitas, me dou o direito de retomar o meu texto do início, repetindo esse começo ~incrível~:
Com o tempo a gente aprende que fazer dieta e frequentar festas de aniversário não são orações que podem ser subordinadas, a menos que façamos restrições e que tais restrições não sejam de ordem gramatical. Saber onde colocar a vírgula não te ajudará a emagrecer.
Com o tempo a gente aprende que fazer dieta implica em uma enorme força de vontade e disciplina ou em se tornar um ser sem vida social.
Muito bem, essa falácia toda foi só para confessar que pequei, Padre. Quando (re)comecei esse projeto chamado #minhavidaemumadieta, havia me esquecido que no dia 25 comemoraríamos o aniversário de uma colega de trabalho com: festa regada a salgadinho, refrigerante e bolo. Ok, caí em tentação e que isso sirva de aviso a todos vocês que não estão segurando a minha mãozinha. Não desconsiderando essas lindas que não me abandonam nesse projeto (um beijo especial para Ita Andrade, Izabella Almeida, Catarine Tempest e Caroline Gotti), quero dizer que pequei e que ninguém afastou de mim esse cálice, Pa-hai. Espero trazer melhores notícias amanhã.
Sem mais para o momento.
Atenciosamente,
Gabriela M. Pinheiro.
First (fucking) Day
Gent's, esse texto era para ter sido postado ontem, mas um namorado lindo me prendeu ao telefone, aí tem aquela história de estar preso por vontade, né?! Por isso, hoje vou recuperar o tempo perdido. Peço desculpas.
Minha vida em uma dieta, 24 de maio de 2011.
Levantei, preparei o banho e coloquei um copo de água no congelador. Por quê? Porque preciso me obrigar a fazer certas coisas como tomar bastante água e, por incrível que pareça, tenho que trabalhar com METAS até nesse sentido. É isso mesmo, pessoal, meta de ingestão de água beira o ridículo, mas né?! Pra quem já trabalhou com esquema de troca consigo mesma (essa é outra história), meta para beber água não é nada. Me conheço o suficiente para saber que as medidas disciplinares comigo têm que ser sérias. Aí comecei o dia com essa água bem gelada e fui trabalhar. FICA, VAI TER CAFÉ DA MANHÃ. Levo quinze minutos de casa ao trabalho e é na empresa, com calma, que faço meu dejejum. Abaixo vocês verão o cardápio do primeiro e longo dia:
Café da manhã: 1 iogurte light e 1 maçã.
Lanche da manhã: leite desnatado com capuccino light.
Almoço: salada de rúcula, três colheres de arroz branco, duas colheres de carne moída feita no azeite, tomate e ervas finas.
Sobremesa: 1 trident de canela.
Lanche da tarde: 1 barra de cereais, 1 iogurte light, 1 café com adoçante.
Jantar: sopa de legumes, peito de frango com ervas finas e curry.
*Observações importantes: entre o lanche da tarde e o jantar comi mais uma barrinha de cereais que não estava nos planos, mas a 65 calorias eu paguei o preço pra não sentir muita fome à noite.
*Dica: barra de cereais sabor morango e iogurte, da Línea, custando 65 calorias: você pode pagar.
Ah, ia me esquecendo! Agendei consulta com a nutróloga (nutricionista? Não. Nutróloga mesmo) para o dia 06/06 às 16:00 horas.
Minha vida em uma dieta, 24 de maio de 2011.
Levantei, preparei o banho e coloquei um copo de água no congelador. Por quê? Porque preciso me obrigar a fazer certas coisas como tomar bastante água e, por incrível que pareça, tenho que trabalhar com METAS até nesse sentido. É isso mesmo, pessoal, meta de ingestão de água beira o ridículo, mas né?! Pra quem já trabalhou com esquema de troca consigo mesma (essa é outra história), meta para beber água não é nada. Me conheço o suficiente para saber que as medidas disciplinares comigo têm que ser sérias. Aí comecei o dia com essa água bem gelada e fui trabalhar. FICA, VAI TER CAFÉ DA MANHÃ. Levo quinze minutos de casa ao trabalho e é na empresa, com calma, que faço meu dejejum. Abaixo vocês verão o cardápio do primeiro e longo dia:
Café da manhã: 1 iogurte light e 1 maçã.
Lanche da manhã: leite desnatado com capuccino light.
Almoço: salada de rúcula, três colheres de arroz branco, duas colheres de carne moída feita no azeite, tomate e ervas finas.
Sobremesa: 1 trident de canela.
Lanche da tarde: 1 barra de cereais, 1 iogurte light, 1 café com adoçante.
Jantar: sopa de legumes, peito de frango com ervas finas e curry.
*Observações importantes: entre o lanche da tarde e o jantar comi mais uma barrinha de cereais que não estava nos planos, mas a 65 calorias eu paguei o preço pra não sentir muita fome à noite.
*Dica: barra de cereais sabor morango e iogurte, da Línea, custando 65 calorias: você pode pagar.
Ah, ia me esquecendo! Agendei consulta com a nutróloga (nutricionista? Não. Nutróloga mesmo) para o dia 06/06 às 16:00 horas.
2011/05/23
Nota
A partir de amanhã (24/05/2011), esse Blog contará com uma seção de utilidade pública. A série diária de postagens 'Minha vida em uma Dieta'. Antes, vou prestar alguns esclarecimentos:
1.Não, eu não me inspirei nas matérias exibidas pelo Fantástico mostrando a saga dos apresentadores em busca do peso IDEAL, definitivamente não vou me mirar nos exemplos motivadores de Zeca (bronzeadinho) Camargo e Renata (a chata) Ceribelli.
2.Não vou divulgar números, vou publicar resultados. (Não divulgo meu peso nem sob tortura!)
3.A seção será diária e vai tratar de assuntos relacionados à minha dieta, tais como: consultas médicas, cardápios, xingamentos, desaforos, maus humores, ataques de histeria e/ou euforia, comportamento maníaco-depressivo, carência da gordinha sem comer / alegria da gordinha depois de comer etc.
4.Resultados só após a primeira quinzena, mas a minha saga (que é sempre muito mais legal que a dos apresentadores do fantástico) vocês podem acompanhar no dia a dia.
5.Seus lindos, vai ser naquele esquema de quem acompanhou via twitter a tentativa frustrada de emagrecer no primeiro trimestre do ano: todo mundo segurando a minha mãozinha.
6.Não vou firmar nenhum compromisso com vocês, meus lindos leitores, porque desisto de dietas o tempo todo, mas me comprometo a ser fiel nas publicações, com as dores de uma gordinha em sua provação. Mas nossa moeda de cambio será a confiança: eu dizendo, vocês segurando a minha mãozinha, nós todos FICA FELIZ.
Nada mais para o momento, pela atenção: Obrigada!
2011/04/17
Desordem
“(...)Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.
Amo teu sistema de vida e morte.
Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.
Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.
Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa ...”
Observando os teus gestos - pois me perco em confusão calculando quantas vezes mais teus dedos vão se enroscar em meus cabelos, pela nuca - decoro o movimento que teus lábios fazem enquanto contas alguma história. E é no abrir e fechar da tua boca, entre sorrir e respirar, continuar falando e se distrair, que dois desenhos se formam: o primeiro é aquele da história que me contas com tanta dedicação; o outro é o do movimento. Este último, o desenho que tua boca faz enquanto falas ou quando calas, é que promove algum desacerto, exigindo que eu me concentre no que dizes, para não me perder na desordem que está colada à tua boca.
“Colada à tua boca a minha desordem.”
Então me lembro, no meio da confusão que se criou em meu corpo quando olhei outra vez a tua boca se abrir, que não há lugar mais seguro do que embaixo do travesseiro, quando na nossa cama você me conta o sonho bonito que teve comigo e eu só posso dizer que estou ali também, contigo, dedicando os textos em prosa e verso, as músicas de amor e de guerra, as horas de vida, dedicando a vida a ti. Eu tento lhe dizer que não há esforços, meu amor, pois qualquer coisa que faça esse mundo melhor serve como desculpa para que eu me torne alguém melhor em seu nome. Porque no fim, amar é só esse clichê dos filmes e das canções que te dediquei: amar é, dia após dia, querer ser alguém melhor. Todos os dias, portanto, sigo desejando que sejas melhor, mas meu desejo maior é fazer desse mundo um lugar ideal para que você viva em paz, comigo.
Nesse momento você termina a história que me contava dedicadamente, eu sorrio sabendo que você gosta da minha risada, aquela alta, gargalhada. Sorrio torcendo para que seja uma história engraçada, pois há muito me perdi na confusão que se fez em mim quando de perto eu olhei a tua boca se movimentar.
“(...)Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.”
2010/09/21
Candido Portinari «Favela com Músicos», 1959.(óleo sobre tela).
E o violão que se calou disse que era chegada a hora
Vem, nêgo, enroscar suas pernas às minhas!
Noite muda, atabaques dormindo, não tem mais pandeiro.
Vem, nêgo, que é tempo de sambar nos quadris da tua nêga
Vem e fica comigo até o samba acordar.
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