“(...)Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.
Amo teu sistema de vida e morte.
Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.
Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.
Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa ...”
Observando os teus gestos - pois me perco em confusão calculando quantas vezes mais teus dedos vão se enroscar em meus cabelos, pela nuca - decoro o movimento que teus lábios fazem enquanto contas alguma história. E é no abrir e fechar da tua boca, entre sorrir e respirar, continuar falando e se distrair, que dois desenhos se formam: o primeiro é aquele da história que me contas com tanta dedicação; o outro é o do movimento. Este último, o desenho que tua boca faz enquanto falas ou quando calas, é que promove algum desacerto, exigindo que eu me concentre no que dizes, para não me perder na desordem que está colada à tua boca.
“Colada à tua boca a minha desordem.”
Então me lembro, no meio da confusão que se criou em meu corpo quando olhei outra vez a tua boca se abrir, que não há lugar mais seguro do que embaixo do travesseiro, quando na nossa cama você me conta o sonho bonito que teve comigo e eu só posso dizer que estou ali também, contigo, dedicando os textos em prosa e verso, as músicas de amor e de guerra, as horas de vida, dedicando a vida a ti. Eu tento lhe dizer que não há esforços, meu amor, pois qualquer coisa que faça esse mundo melhor serve como desculpa para que eu me torne alguém melhor em seu nome. Porque no fim, amar é só esse clichê dos filmes e das canções que te dediquei: amar é, dia após dia, querer ser alguém melhor. Todos os dias, portanto, sigo desejando que sejas melhor, mas meu desejo maior é fazer desse mundo um lugar ideal para que você viva em paz, comigo.
Nesse momento você termina a história que me contava dedicadamente, eu sorrio sabendo que você gosta da minha risada, aquela alta, gargalhada. Sorrio torcendo para que seja uma história engraçada, pois há muito me perdi na confusão que se fez em mim quando de perto eu olhei a tua boca se movimentar.
“(...)Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.”
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